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22 setembro 2006


Big Bosther Brasil 2:
os subprodutos e a grande vencedora do programa

Lembra de quando estudamos o Brasil colonial? Não tinha uma coisa de Ciclo da Cana, Ciclo do Ouro e não sei mais o quê? Então, junto com os ditos ciclos estudávamos também seus subprodutos – que na verdade de sub não tinham nada, alguns rendiam tanto quanto o produto principal – como por exemplo no ciclo da cana, tinha-se a cachaça, a rapadura, e até mesmo o melado; Assim chamados de subprodutos da Indústria Canavieira.
Um exemplo atual é o conjunto de programas de espetáculos de realidade em moda aqui no Brasil, ou melhor, em ciclo – poderíamos até chamá-lo de "Ciclo do Reality Show", – que são copiados, a todo instante, de Emissoras de Televisão dos Estados Unidos e de alguns países da Garapa, perdão, da Europa. E de tal conjunto, um merece atenção especial, ou melhor, desatenção seria o suficiente para não mantê-lo no ar; o Big Bosther Brasil 2, da Rede Globo de Televisão.
Não há como agüentar o programa que é mesmo uma Bosther, não é?! Não contentes em vender seus produtos a todo momento, ludibriar os teleeleitores, desculpe-me, os telespectadores com suas falsas e maldosas informações, ainda cobram-se para assistir um verdadeiro teatro de aberrações e insultos à nossa paciência; um típico besteirol visto também em alguns filmes hollywoodianos de péssima qualidade; os programas daqui, por sinal, coseguem ser piores.
E seguimos pagando R$ 0,27 + impostos a cada ligação de cada brasileiro, com o agravante de tal emissora explorar a falsa rixa entre os estados, enfiando na maldita casa doze pessoas de estados diferentes, rixa esta, que por ora, ela mesma ajudou a construir, tal como entre brasileiros e argentinos, e recentemente por ocasião da copa, entre brasileiros e franceses, que em boa medida tal rixa não existe, tendo em vista a maioria das pessoas não conhecer direito o próprio Brasil.
O insulto maior vem nos intervalos, sempre nos dizendo "se você quiser eliminar o fulano ligue ... ou se quiser eliminar o sicrano ligue...", não haveria um jeito de eliminar o programa inteiro? Ou a própria Globo, sei lá?! "Se liga, Brasil!", não, não, é melhor não! Assim o povo acaba pagando mais outros R$ 0,27 + impostos para responder a perguntas proféticas, de corar qualquer Nostradamus!
Quando acabar o programa, desculpe-me, é que de tanto falar a gente acaba sendo levado pela onda – mas voltando ao assunto, quando terminar o último episódio de tal série, no caso a série de número 2, acontecerá a mesma coisa que na de número 1, desde os primeiros "eliminados" até o "vencedor", todos eles já haverão aparecido milhões de vezes em tudo que é programa (da Globo, é claro!), revistas pornográficas, revistas de moda e beleza para classe média e alta, sítios na Rede (Internet), placas de propagandas (outdoor), palcos de bordéis e afins e quiçá até mesmo em campanhas beneficentes. Então os eliminados e o vencedor são em grande medida os subprodutos dessa indústria, a do "Reality Show", pois o que nos salta numa primeira olhadela é a disputa no tão "concorrido" jogo pelos candidados ao prêmio de R$ 500 mil, cifra conseguida com pouquíssimos comerciais inseridos nos intervalos – mas
analisando bem, o principal produto é a continuidade da presença do telespectador em frente ao televisor, ou seja, a audiência acaba sendo a real disputa, o verdadeiro jogo. O que vier com os bois é lucro!
Ao que parece, tal indústria já figura até mesmo nos coeficientes das exportações e o que é pior, tende a se firmar no "mercado", sobretudo por haver um grande número de produções de outras tantas concorrentes no mesmo ramo. A exploração dessa parcela do mercado e de consumidores além de ser muito rentosa, é algo incrível, pois o que se consegue com o jogo das inscrições, das ligações, das propagandas etc, não chega nem perto das jogatinas politiqueiras. Pois quanto maior for a audiência, maior será o ganho nas negociatas e acordos políticos. E a prova maior de que vai se firmar mesmo como ciclo, é a grande quantidade de ideologia empurrada com a finalidade de mascarar a realidade, sacralizando um candidato e profanando outros tantos, ainda mais agora, por ocasião da proximidade das eleições gerais desse ano; sobretudo por tal audiência só agora ser conseguida em decorrência de tais programas. Não demora e veremos os programas aparecerem-nos com números de série, código de barrras...!
O grande vencedor do Fama, perdão, do Big Bosther Brasil 2, deveria ser aquele passarinho, como é o nome dele, mesmo? Não é uma gracinha?! Eu acho, e ainda mais, além de ser bonitinho, é quietinho, não incomoda ninguém, não suja, não finge, não chora falsamente, não tenta enganar os "espiadores", não tem que responder as idiotices do apresentador, não implora a ninguém, não está interessado no prêmio – se bem que vindo da Globo, depois de chocar o Brasil com "O Crone", pede-se desconfiança, no mínimo cautela! – não reclama, não diz besteiras o tempo todo, ou melhor, nunca disse uma bobagem sequer, nem vive falando mal dos outros passarinhos, quão dirá dos concorrentes da casa, também nunca se ouviu na conversa dele um "piiiiiiii" censurador – que por sinal só aparece na programação aberta, ou seja, a do povão, pobre e que nunca ouviu nem disse cara"piiiiiiiiiiii..." (sic)!
Mas lamento muito por ser obrigado a informar-vos sobre a vencedora do programa. Como posso lamentar se a Cida merece mesmo o prêmio?! Não, não disse que é a Cida nem a outra, pior ainda, a grande vencedora do programa éééé...
...ééééhh, a Glo-bo!!!! Como assim, a Globo? Isso mesmo, a Rede Globo de Televisão. Se houve algum ganhador real nessa história toda só pode ter sido ela.
"Ah! Mais e quem ganhou o prêmio de R$ 500 mil?" não, não é isso. É claro que todos os participantes tiveram algum lucrinho expondo suas tolices. Mas diante do montante geral de arrecadação da emissora, tais cifrinhas não representam absolutamente nada.
Há momentos em que penso algum dia poder usar Televisão no plural para uma emissora qualquer. É verdade, já imaginou: "Rede Fulano-dos-anzóis-carapuça de Televisões" não ficaria legal?!
Mas é óbvio que só conseguiríamos ter múltiplas, amplas e profundas visões com uma Televisão Pública. Que em grande e boa medida não fosse refém de nenhum tipo de poder extraordinário ao povo. Que não formasse um pensamento único a serviço de ninguém, a não ser para o conjunto de trabalhadores, a maioria. Que falasse verdadeiramente em nome de tal maioria, e mais ainda, a representasse de fato.
Então, enquanto não conseguimos uma Televisão Pública, façamos das atuais emissoras de Televisão os nossos subprodutos, no sentido de não ser o produto principal a ser consumido.

da província da nação bororo,
em 12 de julho de 2002.

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nômade, de qualquer jeito e em qualquer tempo...

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