Panoramio - Lista de Fotos

28 junho 2008

o fascismo cristianizador dos ouvidos famintos

o fascismo cristianizador dos ouvidos famintos





magine-se numa cidadezinha onde vigorasse uma imposição já "natural" em que todos os dias, às 18:00 horas, houvesse um ressoar de sinos e imediatamente vociferassem rajadas de metralhadora com eixo giratório em 360º, com duração de 45 minutos, pouco mais pouco menos.
o alcance linear mínimo dos projéteis ficasse em torno de 1 km e a faixa de risco fosse de 1 metro para cima do nível do solo.
os habitantes que não quisessem ser alvejados pelas "balas" deveriam ou mudar-se, o que seria bem sensato, ou acalentar-se deitando no chão ou ainda, agachar-se (hábito, aliás, muito comum entre aqueles habitantes) abaixo da dita linha de risco estipulada em 1 metro.


pois uma cidadezinha como essa existe!


chama-se Guimarânia e fica na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais (localização: -18.844432, -46.7932868 ou 18°50'39.9552''S 46°47'35.8325''W).

contudo, há uma pequena diferença no tipo de arma usada: em lugar da hipotética metralhadora giratória há auto-falantes instalados na torre da matriz da Igreja Católica, bradando aos quatro ventos todos os dias do ano, sem tirar nem pôr. vendem-se ressoadas de sinos e terços às 18:00 horas de todas as feiras e parte das missas dos sábados e domingos; a destes últimos, é normalmente rezada com transmissão em um volume maior do que o dos dias da semana, e com início variando, dependendo da ocasião, entre 6:00 e 9:00 horas da manhã.


Foto original por tarciso pode ser encontrada aqui
acresce-se aí também, os dias especiais ou sagrados para a Igreja, como Missa do Galo na noite de Natal e festas aos santos São Sebastião (padroeiro católico para os seus fiéis), aos juninos e à Vossa Senhora do Rosário.


aqueles que não quiserem ouvir as ladainhas, os hinos em latim e as músicas do Padre Zezinho etc, ou por não quererem, ou por sentirem que lhe ferem seu direito ao silêncio devem fazer como na hipótética cidadezinha da metralhadora giratória, devem contentar-se com um tapa ouvidos, mudar-se, escafeder-se etc... ajoelhar-se, no caso da metralhadora, corresponde a aceitar calado essa imposição.


numa sociedade em que alardeiam vivermos numa democracia, a dita Guimarânia está no rastro de uma imposição arbitrária própria de regimes autoritários e fascistas. tais práticas são o equivalente a toques de recolher, revistas e prisões dos dissidentes do regime. nos cinco anos finais da ditadura militar (1964 a 1984), a banda marcial da polícia do Estado se apresentava um domingo por mês, à frente da Matriz, executando músicas cívicas e também religiosas católicas!
não ser católico nessa cidade é ser anti-social.
o diferente é punido com sua não-integração social nas rodas "intelectualizadas" e tradicionais da mineiridade transformada com a chegada de novas percepções sobre a realidade, sobre a cultura e sobre as coisas como um todo, sobretudo pela introdução de novas tecnologias e saberes correlatos, resultando daí em sistemas culturais enfraquecidos pela desestruturação de "laços familiares tradicionais". a chamada "desterritorialização" dos costumes e rituais em memória de tempos passados.


até mesmo em culturas europocêntricas como a estabelecida aqui no País (desde a Grécia antiga, "berço" intelectual da elite que domina o Brasil desde 1500), para ser coerente com os ideais inspiradores, as escolhas individuais deveriam caber a cada um em consonância com um coletivo; e democrático seria não submeter outros "dissidentes" às "escolhas" de uma minoria dominante.
pode-se argumentar, contudo, que o ideal seria acatar uma decisão da maioria, submetendo-se aqueles que pensam diferente. ora, o ideal de democracia não passa por esses vieses de cunho pessoal, diz mais respeito a políticas públicas que envolvem todos os cidadãos. a crença é algo individual, mesmo levando em conta o caráter alienante que as religiões empregam em suas ceitas. no caso de um suposto referendo sobre a transmissão de atividades de determinada ceita via alto-falantes para toda a cidade, mesmo que uma maioria decidisse que isso não incomoda, ainda assim, seria um desrespeito a quem discordasse, seja lá qual o motivo o impulsiona a tal (partilhar de outra crença, não partilhar de nenhuma crendice metafísica, não querer ser incomodado com um som causado por outro etc).
democrático e justo talvez fosse o caso de uma distribuição via rádiodifusão. quem partilhar ou quiser tomar ouvidos das coisas que lhe interessam, liga o rádio, se o tiver.


o que é intrigante é como o poder está embutido nas ações de esferas sujbacentes a um sistema com raízes em tempos coloniais: se algum "delinqüente" liga o som de seu veículo estacionado na praça central da cidade, a algumas dezenas de metros da Matriz, a força policial é sempre acionada para impedi-lo de atrapalhar as atividades sagradas desse templo. isso acontece por motivos de "desrespeito", como dizem os policiais, embora esteja mais para "eliminação da concorrência". decerto, a Igreja já entendeu que seus futuros clientes preferem música, balada, bebidas e "pegação" a missas repetitivas e enfadonhas. não é à toa que muitos dos jovens "católicos praticantes" da Cidade tomem sua presença em missas como uma obrigação, dizendo às vezes: "(...) ainda bem que fui na missa ontem, hoje não preciso ir.";


ora, não há diferença, do ponto de vista filosófico, nesses dois tipos de difusão, apenas social como conteúdo e técnico como meio empregado.
nesse caso, a força policial não consegue legitimar o direito de pessoas que decidiram não querer ouvir os sons da Matriz, porém age com força e autoridade sobre outros emissores de ruídos que não sejam para fins de catequização evangelizadora católica; especificamente católica, pois nos anos 1996 uma filial evangélica de tal tentou fazer concorrência, no lado oposto à Matriz, expondo suas orações e cânticos também através de uma caixa de som amplificado; no entanto foi ridicularizada por pessoas populares manifestamente católicas, impondo-lhes a polícia do Estado a calar-lhes.


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27 junho 2008


esta imagem é a primeira de uma série que risco-a como "inversão ideológica direta", sobre matérias e postagens - coletadas na Internet - que trazem cunho ideológico claramente de direita e/ou abertamente racista/preconceituoso, posto que se torna redundante falar sobre isso a respeito das elites no Brasil.
pode-se argumentá-la uma igual reprodução maléfica, mas uma vez invertida, o sentido aqui se torna outro, o do "questionar-se"...
inverter declaradamente uma ideologia burguesa pode ser passível de crítica ou desdém?
julgo que sim, mas por outro lado, pode pôr tino importante no jogo de poder e na luta de classes, ao realçar as cores e as mágicas ideológicas disseminadas por aqueles que se afinam com o poder que sempre lhes sorri com cifrões.

25 junho 2008

Coro dos Tribunais & choro dos trabalhadores

choro dos trabalhadores

trabalhadores camponeses e suas famílias estão sendo expulsos das terras que ocupam há mais de 10 anos

a mais recente investida do latifúndio contra pequenos produtores no município de Lambari d'Oeste, no Estado de Mato Grosso, distante cerca de 120 km de Cáceres, não ganhou nenhuma linha de reportagem nos canais tradicionais da mídia regional.


segundo informações de uma moradora do município, quase 30 famílias de pequenos produtores rurais tiveram suas propriedades invadidas e destruídas suas casas por ordem de um latifundiário que resolveu "requerer" as ditas terras como "suas", empregando para isso força e violência institucionalizada.
as famílias envolvidas no episódio estão abrigadas em outras propriedades que correm o risco de ser também tomadas à força, com a alegação feita pelos invasores de que se tratam de "posses ilegais" efetuadas por parte desses camponeses;
os requerentes das terras estão amparados pela (in)Justiça mato-grossense na forma de instrumentos jurídicos que garantem a manutenção das estruturas de controle e uso do capital.
já é mais do que conhecida a verdade sobre quem, de fato, alimenta o Brasil: os pequenos produtores. no entanto, os latifundiários monocultores alardeam através de seus cães na mídia burguesa que o País pararia se com eles não pudesse contar mais. ora, é muito fácil fazer riqueza às custas do trabalho alheio, além de mal pago quando se trata de trabalhadores seus empregados, roubam ao povo através de descontos patriarcais do governo e "perdão de dívidas" e de empréstimos e financiamentos em bancos, como é caso recorrente na história da agricultura latifundiária no Brasil, com o grave caso recente em que a bancada ruralista obteve do Governo Federal o perdão de parte de suas dívidas numa cifra para mais de R$ 9 bilhões, onde parte da dívida total - que passa de R$ 75 bilhões - já é fruto de renegociação e não foi paga até o momento. para desmentir suas verdades chantagistas está o claro fato de quase toda a sua produção ser destinada à exportação.
veja o ciclo dos argumentos 'eruditos' da classe dominante agrária sobre a necessidade de perdão das dívidas:
  • choveu pouco (seca);
  • choveu muito;
  • juros altos (relativos aos empréstimos);
  • dollar alto (convenientemente usado quando da compra de equipamentos e insumos);
  • dollar baixo (convenientemente usado quando da venda da produção - exportação);
  • entraves a respeito das leis trabalhistas (leia-se, pedem a precarização das condições de trabalho e o afrouxamento na fiscalização trabalhista - em outras palavras, permissão para o uso da escravidão por dívida, em que são estimados mais de 80 mil trabalhadores submetidos a essas condições, somente em MT) ---> ouça a matéria sobre o trabalho escravo em MT clique aqui para ouvir ;
  • prazo de carência muito curto para pagamento dos empréstimos (normalmente têm acesso a 2 anos a partir da concessão)
  • etc...
obs.: os juros aos latifundiários são inversamente proporcionais ao montante emprestado, ou seja, quanto mais se toma emprestado, menos se paga de juros; e mesmo se as cifras não são altas, seus juros são menores do que aquele praticado com os pequenos produtores.
no caso destes, as cifras são controladas em baixos patamares e carregam as maiores taxas.

o que vem acontecendo com freqüência na ocupação de terras em Mato Grosso se configura como um padrão para praticamente todo o Estado. o modelo é de fácil compreensão e se resume a 10 mandamentos da posse ilegal e violenta da terra, que nem carecem de explicitação:
  1. migrantes pobres ocupam pequenas porções de terras como "posseiros";
  2. o Estado se mantém distante ao não reconhecer suas posses nem oferecer-lhes crédito ou ajuda estrutural;
  3. a terra já está majoritariamente "trabalhada" (derrubada da mata, destocagem, primeiros plantios de pastagens, adubação parcialmente concluída, cercas, pequenas estradas abertas etc);
  4. capitalistas agrários (oriundos, sobretudo do Sul do País e de São Paulo) já estabelecidos em cartéis coronelistas em regiões do sul de MT, "legalizam" as terras pretendidas através da grilagem, consubstanciada em acordos com magistrados locais;
  5. contratam "gerentes" para efetuar negociações de compra não da terra, mas das benfeitorias realizadas "nas terras do fazendeiro", que a partir desse momento se torna conhecido, com o argumento em papel de escritura (documento forjado através da grilagem) - geralmente esses gerentes ou são advogados ou acompanham-se desses para a abordagem inicial dos posseiros;
  6. na maior parte dos casos, os camponeses estabelecidos não aceitam as promessas de pagamento (que variam entre 6 e 10 mil reais, chegando também a adição de uma pequena casa em uma cidade próxima), argumentando que sua posse foi passiva e já decorre de tantos anos;
  7. surgem as ameaças de morte e intimidação de familiares bem como a veiculação de supostos donos poderosos, em que popularmente são conhecidos por seus critérios coronelistas, com destaque para a família Campos (historicamente ligada a crimes de assassinatos, grilagem de terras e desvios de dinheiro público etc), Müller, Barros entre outras; "acidentes" também não são raros;
  8. há a concessão de mandados de "reintegração de posse" expedidos por magistrados afinados com os interesses dos latifundiários grileiros;
  9. a mídia quando se reporta, atualiza seus votos em favor dos latifundiários, legitimando mais uma vez a dominação;
  10. a ideologia difundida por esses veículos de "informação" reforça a "opinião" pública sobre a legalidade das ações da polícia na retirada dos camponeses posseiros e inverte o conceito/termo da grilagem, impondo-o às ocupações por parte dos camponeses sem terra ou sem teto. geralmente ocupações urbanas não legalizadas são chamadas de "grilos" pela mídia e repercutida na opinião popular como tal.

alegadamente comprometedoras tais informações, acha-se pouca notícia sobre esses assuntos, na medida em que jornalistas mais progressistas são assassinados e pesquisadores são ameaçados de morte, como foi o caso para a pesquisa sobre a escravidão por dívidas na região sul do Estado, levada a cabo por uma estudante de História da UFMT (teve sua família sob a arma de um pistoleiro que lhe "aconselhou" parar o assunto), que acabou por se mudar com a família sem deixar rastro.
a tática de se esconderem atrás de nomes simbolicamente perigosos e violentos mostra o caráter covarde e vergonhoso desses latifundiários. quando o nome Arcanjo estava em alta, foi, talvez, o mais utilizado como "dono das terras" para a expulsão "consentida" dos camponeses. atualmente Arcanjo está envolvido em problemas judiciais e representa, aos olhos de latifundiários envolvidos nessas tramóias, pouco prestígio para impor submissão e medo.

a história do latifúndio em Mato Grosso carrega em suas páginas um rastro de sangue e de dor para trabalhadores e seus familiares, como é o caso atestado para a região sul, quando nos anos 1930 em diante inúmeros posseiros de porções de terra nos atuais municípios de Pedra Preta, Itiquira, Rondonópolis etc, vindos majoritariamente de Minas e Goiás foram violentamente assassinados na presença de suas esposas e depois jogados em sumidouros naturais dos rios Itiquira e Correntes.



mas a ocupação de terras pela força está longe de passar só pelo crivo e o poder desses "nativos". vários estrangeiros também adquiriram terra no sul do Estado através da força, inclusive disputando entre eles mesmos, como é o caso entre holandeses e ingleses no muncípio de Itiquira. em 1998 tive o desprazer de conhecer um latifundiário mandante de crimes como estes, alcunhado de "espanhol". dizia abertamente ter mandado fazer "quebra de milho", ou mandado jogar no rio (Itiquira) a "rama de mandioca", em suas palavras.

se do lado dos trabalhadores e oprimidos não vemos uma mídia comprometida com suas agruras e vicissitudes, do outro lado vemos apoio às causas dos latifundiários e poderosos, de forma aberta e quase amendrontada de o não fazer, vingando-lhes espaço e honrarias, como na matéria abaixo:

Governador de MT propõe crédito para pecuaristas


Redação 24HorasNews


O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, defendeu a concessão de crédito de longo prazo e com juros baixos aos pecuaristas para que eles alternem as atividades de pecuária com a agricultura. Segundo o governador, essa medida vai aumentar a produtividade sem pressionar a abertura de novas áreas de floresta.

Maggi declarou
que a alternância de atividades também vai aumentar a oferta de alimentos e ajudar a recuperar mais rapidamente os nutrientes da terra destinada à pecuária. Ele reconheceu que a produtividade na pecuária é baixa e que o seu estado precisa melhorar nesse aspecto.

O
governador participa neste momento de audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável sobre o desmatamento na Amazônia. Ele disse que discutiu a proposta de crédito para os pecuaristas na semana passada com o Banco Mundial. Ele informou, no entanto, que a medida precisa ser adotada como política pública para entrar em vigor.

O
governador reafirmou que é necessário um prazo maior para os produtores se enquadrarem na exigência de apresentação de "nada consta" em relação a passivos ambientais. O documento será exigido a partir de 1º de julho como um requisito para a obtenção de crédito. Esse prazo consta de portaria editada pelo Conselho Monetário Nacional.

"
Tirar o crédito é asfixiar a economia dos estados e dos municípios. Essa medida não vai atingir os grandes proprietários, mas também os pequenos", afirmou.

Blairo Maggi propôs
que se mantenha a proibição de crédito somente para novos empreendimentos e se permita o acesso para as atividades que estão em funcionamento. Ele lembrou que o licenciamento ambiental é um processo lento e depende da regularização fundiária.

O
governador também criticou a forma de combate do Ministério do Meio Ambiente ao chamado "boi pirata" (o ministério pretende apreender os bois criados em áreas desmatadas). Maggi estima que os bois piratas totalizem 10 milhões no Mato Grosso. Segundo ele, se o governo apreender essa quantidade de gado, isso vai afetar o preço da carne nos supermercados.

Segundo o governador, 64% do território de Mato Grosso é totalmente preservado, enquanto a produção de grãos se concentra em 7,8% do território, e a pecuária, em 25,8%. O estado tem hoje 26 milhões de cabeças de gado em uma área de 28 milhões de hectares.


do Correio Cacerense, notícia postada em 20/06/2008



no País do latifúndio, vê se bem o quão grande é a terra... para o gado, é claro:

se distribuíssemos, a título de comparação simbólica, eqüitativamente os ditos bois sobre o montante de terras de MT já utilizadas com essa finalidade, a fração seria de:

cabeças de gado ÷ 26.000.000 = 0,928

hectares de terra 28.000.000




menos de 1 boi para cada hectare de terra, já devidamente desmatada e com os impostos sonegados.

para fazer juízo inverso aos sobrepostos canais de poder:

Coro dos Tribunais

José Afonso

Composição: B. Brecht / adap. José Afonso

Foram-se os bandos dos chacais
Chegou a vez dos tribunais
Vão reunir o bom e o mau ladrão
Para votar sobre um caixão
Quando o inocente se abateu
Inda o morto não morreu
Quando o inocente se abateu
Inda o morto não morreu

A decisão do tribunal
É como a sombra do punhal
Vamos matar o justo que ali jaz
Para quem julga tanto faz
Já que o punhal não mata bem
A lei matemos também
Já que o punhal não mata bem
A lei matemos também

Soa o clarim soa o tambor
O morto já não sente a dor
Quando o deserto nada tem a dar
Vêm as águias almoçar
O tribunal dá de comer
Venham assassinos ver
O tribunal dá de comer
Venham assassinos ver

Se o criminoso se escondeu
Nada de novo aconteceu
A recompensa ao punho que matou
Uma fortuna a quem roubou
Guarda o teu roubo guarda-o bem
Dentro de um papel a lei


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24 junho 2008

MSN golpista!

Mil e um nós, mesmo?!!!!!

edição brasileira do MSN Microsoft Corp.® mostra sua opção por alinhamento à classe burguesa
brasileira...



tratamento é mesmo de ironia e reflete o tom similar a outras fontes de mídia com um caráter parcial ao noticiar as ações do governo atual. na verdade, o caráter é parcial enrustido, por discursar de um ponto de vista claramente alinhado à direita, porém perceptível mais para aqueles que têm uma preocupação com a disseminação de ideologias dominantes. é uma opção política legítima, alinhar-se a quem defende seus interesses nesse tabuleiro da luta de classes. o que é intrigante é o fato dessa mídia não ser aberta, clara, assumida em opções.
  • a opção pela mesma tônica da mídia golpista brasileira (Globo, Band, SBT, RedeTV!, Record, Veja, Época, IstoÉ, Folha de S. Paulo, O Estadão, e afiliadas em geral...) pode estar associada à incapacidade de produção autônoma por seus repórteres e jornalistas contratados ou por motivos corporativos financeiros de maior monta. acontece que as reportagens do MSN Notícias®, no geral, são compilações malfeitas de noticiários estrangeiros como a Reuters (declaradamente de direita), a BBC e de algumas publicações eletrônicas da mídia brasileira anteriormente mencionada. as traduções são sofríveis e o idioma português pouco conhecido ou maltratado;
  • como segundo ponto, existe o fato de o governo do presidente Lula ter admitido, a contra gosto do capital de Bill Gates, em nível dos serviços governamentais via Internet, uma migração da plataforma paga Windows para uma plataforma de programação aberta e gratuita, GNU/Linux e correlatos. atualmente os computadores distribuídos pelo Governo Federal chegam às escolas com plataformas baseadas em Linux, por ex.; na ocasião do anúncio de migração gradual e progressiva para Linux, a Microsoft encenou um teatro de horror, com matérias pagas nos principais jornais e revistas, do País, numa verdadeira batalha de difamação das escolhas tecnológicas do Governo. ademais, para remediar o estrago feito na "dependência obrigatória" esperada pela Microsoft, esta empresa mandou emissários para negociar "doações" a órgãos do Governo, entendendo-se dessa forma como um investimento futuro as cópias distribuídas, na medida em que garantiriam o aliciamento do público que se obrigaria a manter o dito sistema operacional Windows instalado em suas máquinas para aceder a páginas de sítios do Governo Federal.
como o Governo não retrocedeu (e justamente, é claro!) e nem tem planos para tal, a política da Microsoft Brasil é de golpe, como pode ser visto na cópia da janela pop-up do Windows Live Hoje, de 24 de junho, colada logo abaixo:
como pode ser visto na parte destacada em vermelho, o título da "reportagem" é irônico-infantilóide, próprio da linguagem usual da grande mídia, embora alguns amigos queiram achar que existe aí uma relação com um padrão popular de escritura típica de perfis do Orkut. Olha, é bem provável que os editores do MSN Brasil, responsáveis por essas matérias compiladas e rearranjadas, sejam mesmo mantidos como adolescentes por seus pais e amigos, que, mesmo defendendo interesses da Microsoft postem suas vidas públicas em páginas da concorrente Google, e que talvez mantenham em seus computadores versões do navegador Mozila Fire Fox 3, por saberem-no melhor, mais rápido etc, do que aquele da empresa a qual representam através de matérias como essa.

não sei se o estrago pode ser grande, posto que a maior parte dos trabalhadores e trabalhadoras do País não tem acesso a computadores ligados à Internet (embora os preços de computadores pessoais estejam mais baixos, ainda é um bem de consumo pouco acessível às camadas mais subalternizadas e exploradas) e que quem pode ler tais "informações" já não se alinhem, em sua maioria, com esse pensamento.

talvez se o público fosse mais popular as matérias de chamada inicial não seriam como a abaixo, veiculada também hoje, no mesmo espaço mencionado anteriormente:



passo a usar a mesma ironia pré-lúdica-infantilóide dos editores do MSN Brasil:

Mil e um nós?

enquanto os iludidos editores escrevem aos seus pares (ao menos idealmente, já que ricos não se dão ao trabalho de fazer dinheiro em sítios de mídia eletrônica como operários) importantíssimas matérias de como amarrar cachecoles, há milhões de pessoas que não têm nem mesmo comida, quão dirá echarpes de lã para inventar/descobrir tipos infinitos de nós...

talvez mil e um nós sejam aqueles das tripas de muitos trabalhadores brasileiros na hora e na boca da fome!

ou ainda, aqueles que minhas vísceras dão ao presenciar violências como essas!

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11 junho 2008

o atual cenário político brasileiro (também em relação à ONU) pintado através de charges descomprometidas com o poder dos grandes:


11 DE JUNHO DE 2008

Charge de Dálcio para o Correio Popular


8 DE JUNHO DE 2008

Charge de Bessinha para A Charge Online


7 DE JUNHO DE 2008

Charge de Simon Taylor para o Charge Online




4 DE JUNHO DE 2008

Charge de Bessinha para A Charge Online




tirado do:

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03 junho 2008

entre penhascos e alagados



percepções contemporâneas sobre espaços ocupados no século 18 - império português de ultramar



O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: "Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?"
E o homem do leme disse, tremendo:
"El-Rei D. João Segundo!"

"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso,


"Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e disse:
"El-Rei D. João Segundo!

"Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
"Aqui ao leme sou mais do eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo"

Fernando Pessoa


MALHAS QUE O IMPÉRIO TECE

Uti possidetis[1] somente para os branquinhos da Corte

dolorosa incumbência de prover cidade às margens das posses portuguesas de ultra-mar, determinada por D. João V, seguiu Dom Antônio Rolim de Moura com mapa do traçado da Vila desde Lisboa, a fim de encontrar local adequado, e houve por bem dele, fincá-la à margem direita[2] do rio Guaporé, em local plano e extenso o suficiente para grande demanda de crescimento, obedecendo ao cunho de Capital da recém-criada Província de Matto Grosso, da qual então seria, seu primeiro Governador.

Em que pese sua chegada a Cuiabá no dia 12 de janeiro de 1751, somente em dezembro do mesmo ano é queinício às atividades de reconhecimento e análise dos sítios instalados às margens do Guaporé, passando pelas povoações de São Francisco Xavier e Sant'Anna, descartadas por inconvenientes diversos, tais como clima "desfavorável", difícil acesso, insuficiência de água e também de matas que lhes fornecessem madeira para lenha e construção, pastos pobres e, quando também, o próprio relevo era eleito como motivo.

O fato é que havia necessidade de se firmar fronteira o quanto antes, pois "as minas do Mato Grosso e o Rio Guaporé passaram a assumir papel de interesse crucial para a Metrópole que se apressou em criar uma nova Capitania para administrar de perto os interesses da Coroa."[3], deixando clara a empresa de defesa da fronteira, onde "...construir uma cidade que plantasse definitivamente bases do domínio português sobre o novo território, articulasse o comércio entre a Metrópole e a nova área de produção aurífera, controlasse a hemorragia do contrabando do ouro das minas do Mato Grosso, assegurasse o controle da produção e a cobrança dos quintos"[4] era de extrema importância.

O local escolhido é Pouso Alegre, onde figurava antigo sítio de mineradores provindos das minas do Cuiabá,[5] estabelecido às margens do rio Guaporé em sua porção direita, por apresentar melhores condições a que Rolim de Moura se atinha, deixando expressas em carta a D. José I as justificativas de tal escolha, onde dizia ser este um bom lugar devido sua localização em relação ao rio, por haver um campo relativamente grande e plano, capões de mato, paragens próprias para fazendas de gado, proximidade com afluentes e também a possibilidade de se estabelecer roças; enfim, ao seu modo, era ali o melhor lugar para o estabelecimento da cidade, que, além de todos os fatores de provisão elencados, ainda e mais por isso, haviam as condições de defesa militar muito bem valorizadas e justificadas pelo Governador. Talvez por isso, tenha logrado empresa em campo alagadiço nas cheias do Guaporé. [...].


[1] O termo em questão nos reporta à política colonial portuguesa firmada principalmente com Espanha, que assegurava o direito de posse de determinada terra mediante sua utilização. Assim sendo, o termo significa "posse por utilização".

[2] Segundo Rondon, "A cidade de Matto-Grosso está situada aos 15º 0' 12'' de latitude e 16º 42' 58'', 80 de longitude occidental do Rio de Janeiro, na margem direita do Guaporé, cêrca de tres e meio kilometros abaixo da confluência do Alegre." Pág. 101.;

RONDON, Cândido Mariano da Silva. Índios do Brasil do Centro, Noroeste e Sul de Mato Grosso. Vol I. Rio de Janeiro: Conselho Nacional de Proteção aos Índios, Ministério da Agricultura, 1946. Ver também SILVA, Jovam Vilela da. Obra citada. Pág. 32 onde diz que "... à margem direita, Antônio Rolim de Moura, em 1752, fundou Vila Bela da Santíssima Trindade."

Segundo todos os mapas consultados e visita ao local, a cidade foi erguida de fato à margem direita do rio Guaporé, apesar de insistentemente ser posta à margem esquerda, como quer Maria de Lourdes Bandeira em seu livro Território Negro em Espaço BrancoEstudo Antropológico de Vila Bela. São Paulo: Brasilense/CNPq, 1988. pág. 85, onde diz que o "...Governador levou em conta as condições de defesa militar do sítio que escolheu. E esse último aspecto é que determinou a localização da vila à margem esquerda (destaque meu), mais baixa e alagadiça nas águas, em vez da margem direita, com os terrenos mais firmes e mais altos das fraldas da serra Ricardo Franco.". com efeito, deve-se apenas inverter a explicação de localização e de fatores determinantes para a margem direita, pois é natural determinar margem respeitando o curso do rio, em sentido à foz.

3 BANDEIRA, Maria de Lourdes. Obra citada. Pág. 83.

[4] BANDEIRA, Maria de Lourdes. Obra citada, pág. 83.

[5] SILVA, Jovam Vilela da em obra citada. Pág. 32 diz que "... desde o ano de 1732, os colonos residentes na região do Cuiabá haviam encontrado ouro nos rios Galera e Sararé, afluentes do rio Guaporé. A partir de 1736, muitos mineradores deslocaram-se do Cuiabá, para a região do Guaporé, conhecida como Mato Grosso.".



o cenário com relevo em 3D


localização da Cascata dos Namorados (Vila Bela)


vista parcial da Cascata dos Namorados (Vila Bela); destaque para formação rochosa arenítica em camadas de espessuras variadas.


vista parcial da Cascata dos Namorados (Vila Bela)


habitante natural da Cascata dos Namorados (Vila Bela)


líquen - habitante natural da Cascata dos Namorados (Vila Bela)


pinturas rupestres contemporâneas - Cascata dos Namorados (Vila Bela)


estrutura de proteção(?) sobre as ruínas da igreja matriz de Vila Bela da SS. Trindade - MT


poço d'água para fins domésticos, construído por trabalhadores escravizados com técnica de cantaria em pedra canga, na segunda metade do séc. 18 (sob administração portuguesa). (Vila Bela)


relevo em 3D, mostrando a localização de Chapada dos Guimarães


Igreja de Nossa Senhora de Sant'ana do Sacramento, em Chapada dos Guimarães - construída em 1778.


mureta circundante do pátio da Igreja de Nossa Senhora de Sant'ana do Sacramento, construída com blocos de pedra canga rejuntados com argamassa (cal, areia e estrume de gado)


reciclagem de material construtivo - a composição heterogênea expressa diferentes períodos históricos de confecção dos materiais (pedra canga ->séc 18 colonial, adobe -> séc. 19 e tijolo cozido em argamassa de cimento do tipo Portland -> séc. 20)


muro construído com blocos de pedra canga - séc. 18


típico pilão feito em tronco único, encontrado em áreas de trabalho escravizado afro-brasileiro em Mato Grosso.


fruto do cafeeiro -quintal de casa de moradores afro-descendentes


sede da Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães - MT. nota-se a manutenção de estilo arquitetônico do período colonial reservado às estruturas de poder.





vista do mirante "Portão do Inferno"


vista de cima - mirante "Portão do Inferno" - Chapada dos Guimarães - MT


vista parcial do "Portão do Inferno"


vista parcial do "Portão do Inferno"


o que há de errado com esta foto? para além dos sinais de recente acidente de veículo contra a parede de arenito, não há sinalização nem acostamento...


sugestão de sinalização mínima necessária (simulada digitalmente)


vão muito grande na grade de proteção contra quedas, na borda do penhasco do mirante "Portão do Inferno"- Chapada dos Guimarães - MT.



simulação de queda de turista por negligência da administração do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Nota-se que o vão da grade de proteção do penhasco é muito largo, admitindo queda até mesmo de adultos como no caso da situação sugerida aqui. Crianças teriam facilidade em escorregar por ali, com poucas chances de sobrevivência, dada a altura de quase 100 metros da borda do penhasco ao chão.


flagrante de negligência por parte da administração do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães - MT. nota que a ferrugem já destruiu boa parte da grade de proteção contra quedas.

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flagrante de negligência por parte da administração do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães - MT. a imagem da direita apresenta simulação (em vermelho) de uma barra que deveria existir no local; faz destaque ainda para dois pontos de corrosão causada por ferrugem.



vista da borda do chapadão em que se acha a cidade de Chapada dos Guimarães - MT
desnível de mais 500 metros em relação à planície



vista da planície pantaneira a partir de mirante nas proximidades de Chapada dos Guimarães - MT


detalhe de formação rochosa e da vegetação de cerrado encontradas na borda do planalto de Chapada dos Guimarães - vista a partir do mirante.



vista da borda do planalto de Chapada dos Guimarães - MT



urutau - ave de hábitos noturnos - Cáceres - MT

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nômade, de qualquer jeito e em qualquer tempo...

nômade, de qualquer jeito e em qualquer tempo...
"...eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim, meu mundo é hoje, não existe amanhã pra mim, eu sou assim, assim morrerei um dia, não levarei arrependimentos nem o peso da hipocrisia..." Paulinho da Viola